sexta-feira, 7 de março de 2014

Bons sonhos

Converso contigo até tu dormir
E
Não durmo mais.

Fico aqui, à distância, velando teu(s) son(h)o(s)
Como se anjo da guarda fosse
E
Não durmo mais.

Não durmo porque não falei tudo aquilo que eu queria
E então fico aqui, cuidando de ti, à distância.

Deveria ter dito mais uma vez o que sinto.

Explicado o motivo, me deixo ir de encontro ao travesseiro.
Desculpa.

Deveria ter dito mais uma vez que te amo.

Quem sabe amanhã...

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Eu não me importo com negros, gays, mulheres, e demais "minorias".



Essa semana os protestos continuaram (e pararam também), inclusive houve manifestação em Rio Grande ontem (quinta-feira, dia 20/06/13).
Estive presente na manifestação - pacífica, ainda estou com a cabeça quente por algumas coisas que (talvez)  (não) aconteceram e não acho legal escrever sobre isso por enquanto, pelo mesmo princípio de que não se deve dizer "eu te amo" pela primeira vez quando ainda se está com cheiro de sexo.

Então, pra não deixar pela milésima vez o blog às moscas (embora seja difícil evitar moscas, porque o blog é uma merda né), vou escrever sobre outro assunto por ora.

Estava eu hoje, belo e faceiro (mentira! era, como sempre, feio e com um humor um tanto quanto alterado) no twitter, quando vejo um pessoal comentando sobre o presidente do STF, "ministro negro" Joaquim Barbosa, ou, como alguns insistem, apenas ministro negão, e fiquei matutando sobre a tênue linha entre o "preconceito" contra "minorias" e a forma com que algumas pessoas INSISTEM em usar a raça, o sexo ou a opção sexual da pessoa como um aposto.

É notório que eu sou completamente retardado contra a desigualdade e, por consequência, contra o preconceito também. Acho completamente errado, desnecessário e, principalmente, desumano a forma com que alguns utilizam sua tão fictícia ~~superioridade~~ pra rebaixar, humilhar, enfim, violentar os direitos de todas essas pessoas que de inferiores nada possuem. Muito pelo contrário, a partir do momento em que a pessoa crê que seu "status" o faz superior, torna-se imediatamente inferior.

Muitos foram os anos onde pessoas de diferentes "status" não possuíam direitos iguais. Hoje em dia o mundo é diferente, embora siga enraizado em ideiais onde interessa mais ser ~~superior~~ do que respeitar. Chegou-se a um ponto onde nem se trata mais de respeitar aqueles que não fazem parte do grupo no qual a pessoa está inserida... É questão de auto-respeito e de respeito ao ser humano.

Uma vez eu ouvi uma frase que me marcou: "se tu curar o câncer e for gay, vai ser eternamente conhecido como 'o gay que curou o câncer'". Dentre esses, temos vários exemplos: "Marie Curie, a mulher que descobriu o rádio e o polônio", "Obama, o presidente negro", "Joaquim Barbosa, o 'preto' que é presidente do STF", entre tantos outros. Encontre o erro. Ele tá ali, bem claro, no aposto. Parece mais relevante o que a pessoa "é", qual seu sexo, raça, classe social do que o feito em si. Chega disso!

SIM, eu sei que são conquistas importantes às "minorias", ver membros de seu grupo atingindo uma notoriedade normalmente conquistada, normalmente, apenas pelo pessoal "da maioria". É sempre bom e importante esse tipo de coisa, fomenta (o desejo por) igualdade, mas eu acho que deve-se cindir isso do discurso que volta e meia encontramos na mídia, conversas e discussões. Deixar pra lá o fato da pessoa ser negra, branca, amarela, vermelha, indígena ou qualquer outra "raça" - e isso, lógico, serve pra todos os outros grupos - e enaltecer a importância das conquistas e do SER HUMANO que tá lá. A pessoa que é igual a todos os outros e que consegue se sobressair em alguma área.

Enfim, chego ao ponto que dá título à postagem: basta de se importar com o status dos outros. Isso só faz gerar mais opressão e desigualdade. Sirvam suas façanhas de modelo a toda terra, porém evitemos chamar pessoas como Joaquim Barbosa de "negro" como se fosse um impecílio a ele chegar até onde chegou. Vivemos num mundo de iguais. Chega desse desejo íntimo de nos distanciarmos, de nos tornarmos desiguais. Tornemo-nos iguais. Aliás, percebamos que somos iguais.

Viva a igualdade!
Sigamos lutando pela a "raça" ariana, a negra, os asiáticos, os nordestinos, os indígenas, os que são de várias misturas, pois o mundo é uma mistura. 
Sigamos também pelos direito de ser homo, bi, hetero, trans, travesti, ou o que quer que seja.
Mulheres, homens, idosos, crianças, portadores de necessidades especiais ou não, bonitos, feios, judeus, cristãos, ateus, agnósticos, hindus, espíritas, entre outras "diferenças".
Sigamos sendo humanos e iguais.
Está mais do que na hora de percebermos que, batidos num liquidificador, somos todos a massa homogênea que resulta. Isso é ser humano. Isso é o ser humano.

Importe-se com a pessoa, com seus feitos, com sua personalidade e não apenas com aparências.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Mamãe, eu não queria.

Olá, doutores! 

Os dias tem sido punk no Brasil. Protestos teoricamente pacíficos sendo reprimidos com violência completamente desproporcional, gente ferida, caos. Fiquei assistindo de casa, atônito, aos comentários nas redes sociais (que tratam os fatos de uma forma mais "sincera" do que os demais meios de comunicação) e senti um frio na espinha. Sim, fiquei perplexo com os vários comentários que vi, filtrei as piadas e em vários momentos pude sentir o que tava acontecendo como se eu mesmo estivesse lá. Em outros, estupefato pelo forma que algumas pessoas trataram a manifestação: "arruaceiros", "desnecessária", "idiota" foram as palavras que mais me deixaram chocado. Mesmo assim, meus olhos brilharam quando vi toda aquela gente brigando pelos NOSSOS direitos. 

Normalmente nós, brasileiros, assistimos a manifestações de grande porte como meros observadores, que é o que temos sido há muito tempo. Estamos enferrujados, ao que parece. Simplesmente aceitamos. Como diz a música, "brasileiros pós-ditadura ainda se encontram em estado de coma semi-profundo". 

Não quero falar sobre a manifestação em si, acredito que todos nós sabemos que ela é legítima e que a ponta da lança do governo, também conhecida como polícia, desferiu estocadas brutais e que remetem à barbárie em pessoas praticamente indefesas. Crianças, idosos e até mesmo pessoas que estão no auge de suas capacidades físicas foram vítimas que não podiam se defender à altura, privadas de uma defesa legítima. Isso é senso comum. Ninguém em pleno gozo de suas capacidades mentais acha violência uma alternativa pra resolver qualquer tipo de conflito.

Pensei bastante antes de fazer esse texto de merda, discuti com pessoas que mostraram certa inteligência e outras que me deram vontade de aplicar o caetano veloso ou esse vídeo aqui e decidi que iria falar sobre o que mais chamou a minha atenção de forma negativa. Pessoas e atitudes que eu não queria ser/ter. Mamãe, eu não queria ser essa gente (e servir o "exército" também não!).

Em primeiro lugar, a propaganda eleitoral gratuita que foi feita em meio às manifestações. Sei que várias pessoas vão me criticar por eu falar isso, mas eu não acredito que sejam manifestações ligadas a mudar-se a maneira de que o partido governa, mas sim ligadas às políticas que vem sendo realizadas há anos por políticos de vários partidos. Luta-se a favor de direitos que qualquer partido deveria reconhecer e que mesmo assim não o fazem, portanto é desnecessário ir lá pra mostrar que "meu partido apoia esta causa, vote nele na próxima eleição pra isso tudo mudar". SIM, eu sei que protestos sempre têm cunho político e buscam mudanças políticas, mas tentar transformá-los em comício, pra mim, é estupidez do maior calão. 

Outro fato é a total IGNORÂNCIA CÉTICA-UMBILICAL com que umas pessoas tem tratado tais movimentos. "Ah, tão bloqueandos as ruas, só tão atrapalhando e enchendo o saco"; "ah, eu não tenho nada a ver com isso, pra quê vou me meter?"; "por que tem um bando de burguezinho fazendo protesto se eles nem andam de ônibus?"; e o abominável "POR QUE TANTA COISA POR CAUSA DE VINTE CENTAVOS?".

Muito antes de eu entrar na universidade e decidir qual seria o meu curso superior (em que pese, curso Direito), eu sempre pensei "porra, a vida não anda fácil pra maioria das pessoas, será que tem como mudar sem prejudicar tudo o que conquistamos até hoje?", acreditando, inocentemente, que todo mundo tivesse esse pensamento. Nunca estive tão errado em toda minha vida. Por vezes penso que eu era completamente idiota e não apenas ingênuo por pensar nisso. (EM TEMPO: sou completamente idiota por vários outros motivos, mas esse aí dói na minha alma). Sempre acreditei cegamente que nós, seres humanos, éramos ligados por uma espécie de coleguismo universal que não permitiria que deixássemos os outros caírem em prol da nossa subida (NOSSA, CARA, EU REALMENTE ERA BURRO). Resumindo: eu queria mudar o mundo. Ainda quero.

Fico triste em saber que as pessoas não têm discernimento pra saber que ninguém está protestando pelos centavos em si, mas pelo que essa fração de real significa, o que ela enseja. Foi-se o tempo onde o governo dava o tapa e escondia a mão, hoje em dia ele nos dá na cara descaradamente e nem se preocupa em se esconder, pois está - em seu pensamento - blindado. É isso o que se deseja atacar: os senhores que andam de terno e gravata em suas megaempresas e que acha que distribuir cestas de páscoa a seus funcionários o faz uma pessoa que trabalha em prol da sociedade, os políticos que sentam em mesas redondas pra debater como fazer pra reduzir gastos e decidem que cortar o salário dos professores meses após aumentar seus próprios subsídios pode salvar os cofres públicos - que estão abarrotados de dinheiro que deveria, mas não volta a quem paga impostos. É uma luta contra o sistema político, a forma de governar e contra nós mesmos.

Pessoas que ACHAM que não tem nada a ver com quaisquer movimento que não faça parte. Não entendo, de verdade. Não precisa ser militante e empunhar seu COQUETEL MOLOTOVINAGRE, basta não atrapalhar e compreender que as pessoas que estão lá estão lutando por direitos que, pasme!, são teus também. Se é social, é coletivo. De alguma forma ou outra, ele bate na tua porta. Acho bem estranho uma pessoa "tá vendo tudo e fica aí parado com cara de viado" (como já dizia o autor desta e da música que dá o título ao post), mas é um direito dela. Mas criticar já é demais.

Os burguezinhos de moletom da GAP que andam de carro e estavam lá merecem os meus parabéns e não críticas imbecis. Lutar por direitos que tu não necessariamente fará uso é louvável e, de certa maneira, me dá uma esperançazinha de que talvez as coisas possam mudar. Acho que essa "legítima defesa (de direitos) de terceiros" é uma das coisas mais interessantes que vi por aí. Não queria o tal Jesus Cristo que todos fôssemos pro céu? Ele já tava garantido lá e mesmo assim quis puxar todo mundo pra cima. Mutatis mutandis, é a mesma atitude. Luta-se por todos. Coisa de filme? Não, foi a realidade dos últimos dias (e de vários outros em vários locais do mundo). 


Desta maneira, ir às ruas é completamente importante nos dias de hoje. Se não querem nos ouvir, façamo-nos ouvir na marra. Se tem uma coisa que eu queria, mamãe, era estar lá, mesmo que levando balas de borracha e spray de pimenta, efeitos colaterais. Você, que foi e vai nas próximas manifestações, grite por mim, vou estar gritando por ti da forma que eu puder. Você, policial, troque sua arma por um abraço, entenda que você está indo contra ti mesmo, contra tua família. Cesse o fogo, termine a violência antes mesmo que ela comece. Lembre-se que, ao final, somos todos iguais. NÓS podemos mudar o mundo, basta não ficarmos assistindo tudo de cima do muro (nem morrer de overdose, por favor). Aos que pensam que estão resguardados: DO NOT FUCK WITH US.


Geodesicamente resistimos.



segunda-feira, 27 de maio de 2013

Feliz aniversário, Lemmy! (atrasado e copiado do Facebook)


Não sei se tenho palavras suficientes pra agradecer, mas tentarei.

Em primeiríssimo lugar, gostaria de agradecer aos meus pais, pois, por motivos mais do que óbvios, sem eles eu não estaria aqui. Pai, mãe, vocês são muito mais que a minha "matriz", vocês são as melhores pessoas que já existiram, seres humanos dos mais inacreditáveis. Se eu pudesse de qualquer forma escolher, seriam vocês dois, com toda a certeza.

Em seguida, a toda a minha família, que sempre me deu apoio e suporte pra enfrentar todas as dificuldades (e as facilidades também!) nos desafios que com frequência batem à minha porta e também a rir e aproveitar a vida. Portanto, às minhas irmãs, avós, tios, tias, padrinhos, madrinhas, primos, demais familiares e especialmente meus avôs, que não estão mais fisicamente presentes, mas sempre na memória, nos bons exemplos e nas boas atitudes, o meu muito obrigado. Sou certamente melhor e mais feliz por ter vocês todos ao meu redor.

Finalmente - e não menos importante -, queria agradecer a todos os meus amigos, sejam eles "reais" ou "da internet", não só pelas felicitações, pelas festas (inclusive a surpresa de ontem, que caí como um pato) e pelos conselhos. Queria agradecê-los por me aturarem por todo esse tempo (mesmo os que estão por perto há pouco tempo), porque eu sei que deve ser muito difícil - quase impossível por vezes. Vocês são incríveis! Todos vocês, cada um com a sua particularidade, mas todos são. Observação: como amigos, estão incluídos também os professores e "afins", já que vocês também são parte do que sou. Obrigado, amigos.

A todas essas pessoas, que são essenciais pra mim, que foram sensacionais e que fazem com que eu seja a pessoa que eu sou (sim, a culpa é toda de vocês!), os mais sinceros agradecimentos, não pelos parabéns e felicitações, mas por fazerem parte da minha vida. Amo vocês. Obrigado!

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Mais um ano que se passa.

Todo ano, perto do meu aniversário, rola aquela epifania. O que aconteceu nos últimos anos, onde progredi, onde regredi, como estou no momento, quem é a pessoa com a qual eu tenho mais me importado, por quem eu me (des)apaixonei, quem são as pessoas que fizeram minha vida mais feliz. E, normalmente, me dá uma tristeza em saber que estou mais próximo da morte - e realmente estou, como todos estamos. E fico triste. Esse ano prometi pra mim mesmo que seria diferente, que não teria isso, que iria passar incólume. FALHA MINHA. Mais uma pra coleção? Sim! Porém, dessa vez, sem motivos pra ficar triste. Quebrei a promessa, mas saí no lucro dessa vez. Acho que nunca estive tão extasiado na minha vida. Sei lá, talvez as coisas boas dando certo e as erradas também e, no balanço final, tudo indo diretamente pra um lugar que eu não faço ideia de como será, apenas sei que vou estar lá. E, na boa, a probabilidade de isso tudo dar certo é praticamente 0% - vou morrer no final. MAS QUEM LIGA? Eu não. Algumas pessoas falam em viver a vida inteira como se hoje fosse o último dia. Pessimista, que sou, é meio impossível pra mim. Mas vou levando e tentando fazer o certo com tudo o que aprendi até agora e, sinceramente, acho que tenho me dado bem. Então eras isso. Pra alguns, parece que a vida "adulta" cada vez mais bate à porta tentando despejar a criança e isso é o certo. Pra outros, o que importa é ser criança. Pra outros, ainda, a adolescência é a melhor fase. E há quem diga que a melhor fase é a da universidade. O que os iguala é que todos alam isso com toda a certeza, como se todo mundo fosse igual, um pedaço de carne com cérebro que vive igual aos outros e portanto, não vai além de mera estatística. E eu nunca quis responder esse questionário. Cada um é diferente, embora isso não signifique que não devemos deixar as diferenças nos dividirem. Tô mais velho? SIM, mas há uns tempos atrás eu nem sabia abrir cerveja no braço - e eu sei que isso é tosco, mas eu acho que é algo que me faz feliz - e também não tava cursando Direito e também não tinha toda a experiência de vida que tenho hoje. Entretanto, eu me divertia com mais facilidade (eu acho), me importava menos - talvez devido à (quase total) falta de responsabilidade(s). Essa eterna briga do ser adulto com o não ser sempre deixa a gente meio cabrero. Demorei (quase) 22 anos pra perceber que isso só pode ser invenção de um filósofo (que, por ser filósofo, é) chato e que não interessa se tu é um adulto, uma criança ou um meio termo. O que importa, mesmo, é ser tu. E é isso que eu percebi. Foda-se se eu tenho mais preocupações, são elas que me fazem aprender cada vez mais. Uma coisa não exclui a outra, essa é que é a verdade. Não posso mais agir como eu agia quando tinha 17, é verdade, mas isso não quer dizer que uma porta se fechou conforme a passagem dos anos, e sim que eu tô aí, seguindo a vida, tendo 1, 2, 3, 4... 22 anos e até as memórias que eu perdi me fazem ser esse grandessíssimo babaca que vos fala, embora duvide que alguém vá ler o texto - eu não leria. De qualquer maneira, por mais egocêntrico que pareça, parabéns pra mim, não por mais um ano de vida, mas por mais um ano sendo quem eu sou. Foda-se se eu tô mais perto da morte. Tô sempre muito mais perto da vida. E é isso que importa.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Venda seu voto!

Antes de mais nada, vou falar uma coisa que é como aqueles avisos que têm antes de começar um filme pornô (nunca vi, um amigo meu falou que tem): esse texto já estava borbulhando na minha cabeça há muito tempo, porém decidi escrevê-lo agora por dois motivos: 1º) pensei muito sobre isso essa semana devido ao ocorrido; 2º) acho que o momento seja oportuno para atingir alguém, porém não o(s) envolvido(s). Eu quero atingir tu, leitor [ou pessoa que finge que lê só por ser conhecido/amigo (♥)]. Além disso, sei que,mesmo que meu desejo fosse criticar de forma negativa tal pessoa, pouco mudaria no rumo das coisas, portanto vou me abster de tecer críticas e expressar minha opinião sobre a tal pessoa, que, por sinal, é uma pessoa pela qual (eu acho que, mas não sei mais se) tenho estima. 

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Essa semana rolou um bafafá do caralho lá em Serafina. Filmaram um vereador, que é candidato à reeleição, cujo nome não interessa, comprando/combinando a compra de um voto por um valor pífio de R$ 50,00. O vídeo parece ter sido removido, porém, parafraseando Albert Einstein, o que foi visto não pode ser esquecido, o que foi pensado não pode ser despensado. "Uma mente que se expande jamais volta ao seu tamanho original" - tenho certeza que algum CHATO já compartilhou isso no facebook e tu acabou vendo. Por fim, o respeito e a confiança perdidos dificilmente serão recuperados. Novamente, reitero que não interessa o nome do vereador e sua legenda pelo menos não pra mim, claro, mas para o resto pessoal da política deve interessar, pois o que mais me deixa perplexo não é a atitude, mas quão fácil se compra um voto. Por mais que isso pareça ser algo que se faz na surdina, é um negócio que cresce na mesma medida que os lixões: a céu aberto e cada vez mais, principalmente nas pequenas cidades onde cada voto conta, são vistas práticas como essa e mais, se sabe que isso acontece. Quão fácil um voto é comercializado me assusta mais do que a figura pública que aparece no vídeo e que, por sinal, dificilmente não será eleito, com votos conquistados e/ou conqui$tado$, com ou $em legitimidade e isso sim é importante, muito mais que o RG, o CPF e a conta bancária do ilustre (e não usarei mais este mau exemplo).

O primeiro ponto importante sobre um voto é que, na minha opinião, ele não pertence à pessoa, mas sim à sociedade (SAI DE MIM, MEU EU-DITADOR!); a pessoa apenas tem o direito de usá-lo como achar melhor, porém devendo fazê-lo com boa-fé. A sociedade cede seu maior bem, a democracia, ao cidadão, que, logicamente, inserido como está na sociedade, afinal, ninguém que possua título de eleitor é um Tarzan da vida, criado na selva e completamente dessocializado (embora os que usam "mim" pra conjugar verbo lembrem bastante o homem-gorila), ou seja, amiguinhos, DEVE o cidadão buscar melhorias no ambiente em que se insere - a própria sociedade - entregando a joia mais rara e preciosa, a qual ele deve o mesmo respeito que tem para com sua mãe - o voto - a alguém que deve recebê-lo e utilizá-lo com zelo e o mesmo respeito que tem com sua mãe - o político. Agora vocês entendem porque se chamam de filhos da puta os que tratam seu voto como uma puta, tanto vendedores quanto compradores. 
Resumindo: não considero o voto como algo que seja da pessoa e, portanto, possível de comércio. Muitos sacrifícios foram feitos para que chegássemos a essa triste democracia de piratas. Acho que isso é porque falta às pessoas um "senso comunitário", aquele que nos fez evoluir e nos tornarmos uma sociedade, bem como faz falta a educação que, PASMEM!, não recebe investimentos quando um político sobe ao poder com fal$a legitimidade. 

O esquema funciona como um círculo vicioso: é preciso que o dinheiro das eleição retorne aos bolsos dos investidores antes e durante qualquer trabalho, mesmo que a sociedade seja, de certa forma, beneficiada. Alguns, de fato, trabalham e trabalham muito bem em se comparando a alguns que se elegeram sem comprar votos, é preciso ressaltar, porém certamente trabalham com o Senhor Barriga cobrando o aluguel vinte e quatro horas, incessantemente, dentro de suas cabeças. Impossível esquecer ou deixar pra lá uma dívida dessas. Além disso, uma frase fica no "repeat cerebral": "daqui a quatro anos tem mais". 
A história da compra de votos, pra mim, é um pouco diferente da história do comércio, embora ambas sejam trocas de "produtos", (embora o voto não seja um produto, mas sim algo mais parecido com um direito personalíssimo, que é irrenunciável, irrevogável e intransferível que a sociedade nos "empresta"  quando nos tornamos cidadãos). A venda de votos não segue a linha do "vende-se porque há compradores" assim como vende-se uma calça porque ninguém quer andar aí peladão e, por conseguinte, precisa comprar a calça. Aliás, permitam-me trocar "quer andar" por "pode andar", porque certamente há gente que adoraria andar por aí como fica em casa (hehe). A lógica da compra de votos é inversa: compra-se porque há vendedores. 
No direito civil, em tal negócio, o comprador tem enriquecimento ilícito tal a desvalorização que faz do preço do produto que compra. Ele age de má-fé e prejudica o vendedor que, por desconhecimento (ówn, coitadinho ) - um apelo: saquem a ironia, seus filhos da puta -, não sabe o valor que tem seu voto e deveria ser informado para que busque o valor real em uma ação de ressarcimento. Aliás, tal contrato também não cumpre princípios como o da função social: prejudica toda a sociedade. Um crime completo. Procure já seu advogado, amigo. Porém, se o vendedor vende seu produto viciado, ciente que não há o que reclamar (vícios redibitórios nesse caso não podem ser arguidos), não tem como fazê-lo, pois não se pode anular  esse leonino contrato, em que todos prejudicam a todos, mesmo que não tenham consciência (valeu pela dica, tia!). Exclui-se a possibilidade de choro e vela. Perdeu, playboy! Agora aguenta sem reclamar e sem KY.
Por fim, um pensamento que tive escrevendo; uma ideia meio besta: a venda de voto criminalizada como a compra. Punida com multa. SIM, EU SEI QUE FERE OS DIREITOS HUMANOS, QUE É IMPOSSÍVEL PROVAR SEM, NOVAMENTE, FERIR OS DIREITOS HUMANOS E O CARALHO A QUATRO, MEUS QUERIDOS, MAS É SÓ UMA HIPÓTESE MEIO BABACA, PORÉM INTERESSANTE PARA PENSAR. Tendo em vista que a lógica do poder punitivo é, porcamente resumido, proteger a sociedade (e - assunto pra outro texto - o status quo e o sistema) de seus indivíduos e os indivíduos do próprio poder punitivo, a pessoa que vende sua partezinha rara e especial de poder que deveria tratar tão bem como uma mãe (mas trata como uma puta, tornando-se um filho da puta ^^) acaba colocando nas mãos de pessoas que têm menos "senso comunitário" ainda esse poder de melhorar o mundo, de fazer a humanidade (e não só os eletrônicos) evoluir. Mamãe não ensinou vocês que é feio vender algo que não é de vocês? Pois é o que as pessoas fazem: elas vendem a pecinha mais especial da  sociedade, a democracia, sem perceber que esse dinheiro acaba bem antes do que o período onde os inimigos dos nossos descendentes saiam do poder. 
Pra encerrar, o que eu tenho a dizer é o seguinte: VENDA SEU VOTO. Venda, despudoradamente, com todas as forças, venda o voto por um projeto que tenha a educação no centro; venda para um candidato leal aos seus princípios; venda e aperte os números na urna com força e ciente de que foi feita a tua obrigação: "devolver" o teu voto pra melhorar o lugar de onde ele veio: a sociedade.

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Post-Scriptum: Tenho pena de pessoas que dizem "se te oferecerem, aceita e depois vota contra; aceita porque eles estão distribuindo o dinheiro que roubam, eles tão só distribuindo renda" pelo simples fato de que parece que essa pessoa está, mesmo que sem querer, incentivando as pessoas entrarem nesse mercado.

sábado, 15 de setembro de 2012

Greve + Onde Chega o meu Xixi

Esses dias, recebi um link do blog de um amigo e colega que me deixou pensando. Nesse texto, ele fala sobre como se sente "traído", de certa maneira, pelo Direito, seus estudantes e, porque não dizê-lo, o mundo. Indignação válida, vale ressaltar. E, bom, lendo o texto fiquei matutando por bastante tempo e até sacrifiquei a soneca pós-almoço (PASMEM!) pra escrever, como sempre, num bloco de notas em que eu coloco até os htmls do texto, porque assim me sinto escrevendo o texto completamente e de acordo com a mente. Feita a pequena introdução, eu gostaria de dizer umas palavras que talvez não agradem ao colega escritor (grandes chances de não agradar ninguém - não tô aqui pra isso). Talvez complementem, não sei, mas possivelmente não serão nada além de umas palavras inúteis. A liberdade de expressão que faltava décadas atrás, bem como a minha cara de pau (que nunca faltou, diga-se de passagem), são os culpados por esse texto. Eu não (a culpa é minha e boto ela em quem eu quiser).

Não há como começar sem falar o motivo pelo qual aquele texto foi escrito: estamos há quase quatro meses sem aulas por causa da greve dos professores das universidades federais e, como a situação está nos deixando sem expectativas de que haverá um fim romântico, em que tudo dá certo no final e vive-se feliz para sempre, alguns estudantes estão se "rebelando" contra a greve dos professores de modo a fazer com que as aulas voltem. Alguns conseguiram, outros não e, pra falar a verdade, isso nada interessa, pois essa "rebelião" é, sem sombra de dúvida, um dos atos mais EGOÍSTAS e MEGALOMANÍACOS que já vi na minha vida. Sou contra os estudantes brigarem com os professores em greve pra voltarmos às aulas, apesar de que gostaria que as aulas voltassem, também quero me formar no tempo certo e sem "perder tempo", porém há outra coisa aqui que devemos pensar, algo além de nós e do nosso umbigo: o futuro da educação do Brasil anda em jogo. Parece utópico falar isso, mas, por incrível que pareça, isso tem um quê de verdade.
A verdade é que todo o sistema educacional (desde o ensino fundamental até as pós-graduações) está em crise por falta de investimentos, que, quando aparecem, são feitos apenas em estruturas físicas, são pra inglês ver. Na FURG, por exemplo, foram construídos prédios novos, porém faltam professores; os anos letivos começam e algumas disciplinas iniciam somente na metade do semestre, pois não há professores. Por vezes, os demais acabam abraçando outras disciplinas para que os alunos sejam menos prejudicados possível. É preciso que seja reconhecido o esforço de alguns professores. O movimento estudantil brasileiro tem um câncer que o está matando: envolveu-se com a política e não consegue, ou pior, não quer livrar-se dela, então não podemos esperar que faça algo completamente isonômico pelos estudantes, que também têm culpa por sua falta de mobilização e sosseguismo. 
Porém, agora que as coisas podem acontecer, os alunos, em um ato de extremo egoísmo, querem fazer parar a greve apenas para que cumpra-se o ano letivo, porém não percebem que a desvalorização à carreira de professor prejudica toda a sociedade. Não formam-se bons profissionais, apenas pessoas que se preocupam em "(...) saber se o gabarito daquela questão de Direito Administrativo da CESPE está correto". Valorizamos mais as nossas aulas medíocres com professores insatisfeitos e, às vezes, desqualificados para os cargos, do que a possibilidade de melhoria na educação (que gosto de chamar de "ciclo educativo") e, por conseguinte, devido ao tal "ciclo educativo", na sociedade como um todo. Só pode ser megalomania acharmos que somos mais importantes do que a sociedade em que estamos. Percebamos que é esse egoísmo que vem tornando o Brasil um país de desigualdade social imensa e não apenas os políticos e os demais corruptos. Corruptos somos nós, que esperamos que tudo caia no nosso colo e/ou que os outros façam o mundo melhorar em nosso lugar enquanto ficamos tentando atrapalhar.
Depois de tudo isso, faço um apelo: você, que não ajuda em nada, faça o favor de não atrapalhar com seu egoísmo. Deixemos que os professores resolvam de uma vez por todas esse problema com o governo. Torçamos pra que seja o mais rápido possível, porém não devemos forçar os professores a darem um tiro no próprio pé, desistirem após quatro meses em greve. Que fiquem mais um ano paralisados, mas que façam o governo olhar pra educação. Quero aulas, quero férias no verão, mas também quero uma educação de qualidade e um país melhor pros meus filhos. Pros filhos de vocês também. Criem consciência comunitária. Larguemos a punheta e o vade mecum desde que deixemos de lado também esse egoísmo que nos faz retroceder.  Posso estar vendo apenas até onde chega meu xixi, mas uma coisa eu sei: ele chega longe.