Antes de mais nada, vou falar uma coisa que é como aqueles avisos que têm antes de começar um filme pornô (nunca vi, um amigo meu falou que tem):
esse texto já estava borbulhando na minha cabeça há muito tempo, porém decidi escrevê-lo agora por dois motivos: 1º) pensei muito sobre isso essa semana devido ao ocorrido; 2º) acho que o momento seja oportuno para atingir alguém, porém não o(s) envolvido(s). Eu quero atingir tu, leitor [ou pessoa que finge que lê só por ser conhecido/amigo (♥)]. Além disso, sei que,mesmo que meu desejo fosse criticar de forma negativa tal pessoa, pouco mudaria no rumo das coisas, portanto vou me abster de tecer críticas e expressar minha opinião sobre a tal pessoa, que, por sinal, é uma pessoa pela qual (eu acho que, mas não sei mais se) tenho estima.
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Essa semana rolou um bafafá do caralho lá em Serafina. Filmaram um vereador, que é candidato à reeleição, cujo nome não interessa, comprando/combinando a compra de um voto por um valor pífio de R$ 50,00. O vídeo parece ter sido removido, porém, parafraseando Albert Einstein, o que foi visto não pode ser esquecido, o que foi pensado não pode ser despensado. "Uma mente que se expande jamais volta ao seu tamanho original" - tenho certeza que algum CHATO já compartilhou isso no facebook e tu acabou vendo. Por fim, o respeito e a confiança perdidos dificilmente serão recuperados. Novamente, reitero que não interessa o nome do vereador e sua legenda pelo menos não pra mim, claro, mas para o resto pessoal da política deve interessar, pois o que mais me deixa perplexo não é a atitude, mas quão fácil se compra um voto. Por mais que isso pareça ser algo que se faz na surdina, é um negócio que cresce na mesma medida que os lixões: a céu aberto e cada vez mais, principalmente nas pequenas cidades onde cada voto conta, são vistas práticas como essa e mais, se sabe que isso acontece. Quão fácil um voto é comercializado me assusta mais do que a figura pública que aparece no vídeo e que, por sinal, dificilmente não será eleito, com votos conquistados e/ou conqui$tado$, com ou $em legitimidade e isso sim é importante, muito mais que o RG, o CPF e a conta bancária do ilustre (e não usarei mais este mau exemplo).
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O primeiro ponto importante sobre um voto é que, na minha opinião, ele não pertence à pessoa, mas sim à sociedade (SAI DE MIM, MEU EU-DITADOR!); a pessoa apenas tem o direito de usá-lo como achar melhor, porém devendo fazê-lo com boa-fé. A sociedade cede seu maior bem, a democracia, ao cidadão, que, logicamente, inserido como está na sociedade, afinal, ninguém que possua título de eleitor é um Tarzan da vida, criado na selva e completamente dessocializado (embora os que usam "mim" pra conjugar verbo lembrem bastante o homem-gorila), ou seja, amiguinhos, DEVE o cidadão buscar melhorias no ambiente em que se insere - a própria sociedade - entregando a joia mais rara e preciosa, a qual ele deve o mesmo respeito que tem para com sua mãe - o voto - a alguém que deve recebê-lo e utilizá-lo com zelo e o mesmo respeito que tem com sua mãe - o político. Agora vocês entendem porque se chamam de filhos da puta os que tratam seu voto como uma puta, tanto vendedores quanto compradores.
Resumindo: não considero o voto como algo que seja da pessoa e, portanto, possível de comércio. Muitos sacrifícios foram feitos para que chegássemos a essa triste democracia de piratas. Acho que isso é porque falta às pessoas um "senso comunitário", aquele que nos fez evoluir e nos tornarmos uma sociedade, bem como faz falta a educação que, PASMEM!, não recebe investimentos quando um político sobe ao poder com fal$a legitimidade.
O esquema funciona como um círculo vicioso: é preciso que o dinheiro das eleição retorne aos bolsos dos investidores antes e durante qualquer trabalho, mesmo que a sociedade seja, de certa forma, beneficiada. Alguns, de fato, trabalham e trabalham muito bem em se comparando a alguns que se elegeram sem comprar votos, é preciso ressaltar, porém certamente trabalham com o Senhor Barriga cobrando o aluguel vinte e quatro horas, incessantemente, dentro de suas cabeças. Impossível esquecer ou deixar pra lá uma dívida dessas. Além disso, uma frase fica no "repeat cerebral": "daqui a quatro anos tem mais".
A história da compra de votos, pra mim, é um pouco diferente da história do comércio, embora ambas sejam trocas de "produtos", (embora o voto não seja um produto, mas sim algo mais parecido com um direito personalíssimo, que é irrenunciável, irrevogável e intransferível que a sociedade nos "empresta" quando nos tornamos cidadãos). A venda de votos não segue a linha do "vende-se porque há compradores" assim como vende-se uma calça porque ninguém quer andar aí peladão e, por conseguinte, precisa comprar a calça. Aliás, permitam-me trocar "quer andar" por "pode andar", porque certamente há gente que adoraria andar por aí como fica em casa (hehe). A lógica da compra de votos é inversa: compra-se porque há vendedores.
No direito civil, em tal negócio, o comprador tem enriquecimento ilícito tal a desvalorização que faz do preço do produto que compra. Ele age de má-fé e prejudica o vendedor que, por desconhecimento (ówn, coitadinho ) - um apelo: saquem a ironia, seus filhos da puta -, não sabe o valor que tem seu voto e deveria ser informado para que busque o valor real em uma ação de ressarcimento. Aliás, tal contrato também não cumpre princípios como o da função social: prejudica toda a sociedade. Um crime completo. Procure já seu advogado, amigo. Porém, se o vendedor vende seu produto viciado, ciente que não há o que reclamar (vícios redibitórios nesse caso não podem ser arguidos), não tem como fazê-lo, pois não se pode anular esse leonino contrato, em que todos prejudicam a todos, mesmo que não tenham consciência (valeu pela dica, tia!). Exclui-se a possibilidade de choro e vela. Perdeu, playboy! Agora aguenta sem reclamar e sem KY.
Por fim, um pensamento que tive escrevendo; uma ideia meio besta: a venda de voto criminalizada como a compra. Punida com multa. SIM, EU SEI QUE FERE OS DIREITOS HUMANOS, QUE É IMPOSSÍVEL PROVAR SEM, NOVAMENTE, FERIR OS DIREITOS HUMANOS E O CARALHO A QUATRO, MEUS QUERIDOS, MAS É SÓ UMA HIPÓTESE MEIO BABACA, PORÉM INTERESSANTE PARA PENSAR. Tendo em vista que a lógica do poder punitivo é, porcamente resumido, proteger a sociedade (e - assunto pra outro texto - o status quo e o sistema) de seus indivíduos e os indivíduos do próprio poder punitivo, a pessoa que vende sua partezinha rara e especial de poder que deveria tratar tão bem como uma mãe (mas trata como uma puta, tornando-se um filho da puta ^^) acaba colocando nas mãos de pessoas que têm menos "senso comunitário" ainda esse poder de melhorar o mundo, de fazer a humanidade (e não só os eletrônicos) evoluir. Mamãe não ensinou vocês que é feio vender algo que não é de vocês? Pois é o que as pessoas fazem: elas vendem a pecinha mais especial da sociedade, a democracia, sem perceber que esse dinheiro acaba bem antes do que o período onde os inimigos dos nossos descendentes saiam do poder.
Pra encerrar, o que eu tenho a dizer é o seguinte: VENDA SEU VOTO. Venda, despudoradamente, com todas as forças, venda o voto por um projeto que tenha a educação no centro; venda para um candidato leal aos seus princípios; venda e aperte os números na urna com força e ciente de que foi feita a tua obrigação: "devolver" o teu voto pra melhorar o lugar de onde ele veio: a sociedade.
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Post-Scriptum: Tenho pena de pessoas que dizem "se te oferecerem, aceita e depois vota contra; aceita porque eles estão distribuindo o dinheiro que roubam, eles tão só distribuindo renda" pelo simples fato de que parece que essa pessoa está, mesmo que sem querer, incentivando as pessoas entrarem nesse mercado.
eita
ResponderExcluirÉ isso aí Léo. Nada de caronas para votar, heim? Beijos
ResponderExcluirAh, é! Caroninha pra votar também é compra de voto, heim, povo!
ResponderExcluirO Voto é a voz do cidadão comum, do homem que luta, trabalha, sonha com uma vida mais digna para todos.
ResponderExcluirQuem vende seu VOTO é um covarde egocêntrico.Quem compra o voto não tem dignidade nem honra. Não é um Político,tenciona somente , tirar proveito da política.
Muito bom Léo!