Essa semana os protestos continuaram (e pararam também), inclusive houve manifestação em Rio Grande ontem (quinta-feira, dia 20/06/13).
Estive presente na manifestação - pacífica, ainda estou com a cabeça quente por algumas coisas que (talvez) (não) aconteceram e não acho legal escrever sobre isso por enquanto, pelo mesmo princípio de que não se deve dizer "eu te amo" pela primeira vez quando ainda se está com cheiro de sexo.
Então, pra não deixar pela milésima vez o blog às moscas (embora seja difícil evitar moscas, porque o blog é uma merda né), vou escrever sobre outro assunto por ora.
Estava eu hoje, belo e faceiro (mentira! era, como sempre, feio e com um humor um tanto quanto alterado) no twitter, quando vejo um pessoal comentando sobre o presidente do STF, "ministro negro" Joaquim Barbosa, ou, como alguns insistem, apenas ministro negão, e fiquei matutando sobre a tênue linha entre o "preconceito" contra "minorias" e a forma com que algumas pessoas INSISTEM em usar a raça, o sexo ou a opção sexual da pessoa como um aposto.
É notório que eu sou completamente retardado contra a desigualdade e, por consequência, contra o preconceito também. Acho completamente errado, desnecessário e, principalmente, desumano a forma com que alguns utilizam sua tão fictícia ~~superioridade~~ pra rebaixar, humilhar, enfim, violentar os direitos de todas essas pessoas que de inferiores nada possuem. Muito pelo contrário, a partir do momento em que a pessoa crê que seu "status" o faz superior, torna-se imediatamente inferior.
Muitos foram os anos onde pessoas de diferentes "status" não possuíam direitos iguais. Hoje em dia o mundo é diferente, embora siga enraizado em ideiais onde interessa mais ser ~~superior~~ do que respeitar. Chegou-se a um ponto onde nem se trata mais de respeitar aqueles que não fazem parte do grupo no qual a pessoa está inserida... É questão de auto-respeito e de respeito ao ser humano.
Uma vez eu ouvi uma frase que me marcou: "se tu curar o câncer e for gay, vai ser eternamente conhecido como 'o gay que curou o câncer'". Dentre esses, temos vários exemplos: "Marie Curie, a mulher que descobriu o rádio e o polônio", "Obama, o presidente negro", "Joaquim Barbosa, o 'preto' que é presidente do STF", entre tantos outros. Encontre o erro. Ele tá ali, bem claro, no aposto. Parece mais relevante o que a pessoa "é", qual seu sexo, raça, classe social do que o feito em si. Chega disso!
SIM, eu sei que são conquistas importantes às "minorias", ver membros de seu grupo atingindo uma notoriedade normalmente conquistada, normalmente, apenas pelo pessoal "da maioria". É sempre bom e importante esse tipo de coisa, fomenta (o desejo por) igualdade, mas eu acho que deve-se cindir isso do discurso que volta e meia encontramos na mídia, conversas e discussões. Deixar pra lá o fato da pessoa ser negra, branca, amarela, vermelha, indígena ou qualquer outra "raça" - e isso, lógico, serve pra todos os outros grupos - e enaltecer a importância das conquistas e do SER HUMANO que tá lá. A pessoa que é igual a todos os outros e que consegue se sobressair em alguma área.
Enfim, chego ao ponto que dá título à postagem: basta de se importar com o status dos outros. Isso só faz gerar mais opressão e desigualdade. Sirvam suas façanhas de modelo a toda terra, porém evitemos chamar pessoas como Joaquim Barbosa de "negro" como se fosse um impecílio a ele chegar até onde chegou. Vivemos num mundo de iguais. Chega desse desejo íntimo de nos distanciarmos, de nos tornarmos desiguais. Tornemo-nos iguais. Aliás, percebamos que somos iguais.
Viva a igualdade!
Sigamos lutando pela a "raça" ariana, a negra, os asiáticos, os nordestinos, os indígenas, os que são de várias misturas, pois o mundo é uma mistura.
Sigamos também pelos direito de ser homo, bi, hetero, trans, travesti, ou o que quer que seja.
Mulheres, homens, idosos, crianças, portadores de necessidades especiais ou não, bonitos, feios, judeus, cristãos, ateus, agnósticos, hindus, espíritas, entre outras "diferenças".
Sigamos sendo humanos e iguais.
Está mais do que na hora de percebermos que, batidos num liquidificador, somos todos a massa homogênea que resulta. Isso é ser humano. Isso é o ser humano.
Importe-se com a pessoa, com seus feitos, com sua personalidade e não apenas com aparências.