sexta-feira, 15 de julho de 2011

Frígidas.

Frígida sempre aproveitou a liberdade que seus pais lhe davam. Aos 14 anos, conheceu aquele que viria a ser seu primeiro namorado, um playboyzinho da zona norte da cidade, que tinha um carro e era neto do maior empresário da região. O cara mais desejado por todas. O número 1 da lista dos sonhos de toda guria. O maior comedor. Os anos se passaram e Frígida, aos 16, engatou o namoro com "o amor de sua vida". Ele, aos 22, cursava engenharia e estava há 2 anos da formatura, enquanto Frígida estava no segundo ano do antigo segundo grau. Tudo ótimo, Frígida havia se "aquietado" e juntos ambos esperavam a "hora certa" para a primeira vez. Tudo perfeito, até o "dia D" chegar, pouco mais de dois meses depois do pedido de namoro. O playboy que já havia traçado mais de 20 com seu corpo malhado, carro e dinheiro fez toda a cena de "Malhação", janta no restaurante mais caro, o vinho mais caro e o melhor quarto no melhor motel, com pétalas de rosas. O sonho de toda virgem: o momento perfeito com o cara perfeito. Tudo começou bem, um banho de banheira, beijos, e partiram pro gran finale, na tal da cama king size. Preliminares: não existiram. O tal comedor partiu pra cima com força, rompeu o hímen, fez duas ou três posições e, 30 minutos depois, completou o serviço, num final tipo filme pornô. Tomaram um banho, deram outra, dessa vez com preliminares: uma masturbação nos grandes lábios e um sexo oral do tipo cachorro-bebendo-água. Ela tentou também, sem sucesso, porque era fresca demais e mulher cheia de dedos na cama deve ser pior do que uma boneca inflável. De quatro, frango-assado e uma posição estranha do tipo vem-cá-minha-puta. 40 minutinhos e a festa acabou, da mesma forma que a outra. Tomaram banho, saíram, foram cada um pra sua casa, nosso amigão pensando "dei um trato nela", enquanto nossa amiga anotava tudo num diário, com todos os detalhes possíveis. O namoro durou mais quatro anos e o Frígida virara um mero depósito de porra. Uma ou duas "esvaziadas", colocavam a roupa e iam pra faculdade juntos. Ele no quinto ano, após repetir várias vezes, ela no segundo, com seu caderninho do Ramones e um piercing no umbigo que ninguém via porque ela não podia usar nenhuma roupa "de mulher". O fim foi trágico: saindo da aula antes, ela foi até o carro do namorado que estava com as luzes acesas e os vidros embaçados. Muita choradeira, xingamentos, brigas e duas "voltadas" e términos, ela estava sozinha e ele formou-se e saiu do país. Estava livre pra conversar com todos e o mundo novo que ela entrava era fascinante. Deu algumas vezes e hoje, aos 27, jamais teve um orgasmo e jamais fizera alguém ter um. Pegava com a ponta dos dedos e lambia com a pontinha da língua. Nunca ninguém a ensinara a fazer algo certo.  Uma vez foi chamada de puta e outra, com um puxão de cabelos, desistiu. Frígida é uma gostosa, mal comida, não sabe transar, nunca gozou, nunca tentou "se conhecer" e nunca quis aprender ou fazer nada além do "básico", até o momento em que simplesmente desistiu de fazer sexo. Frígida é um conjunto de todas as possíveis maneiras de mulheres frígidas, seja por opção ou por não terem conhecido um homem de verdade.

2 comentários:

  1. Pobre Frígida. Isso não é viver...

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  2. Talvez Frígida não se sentisse infeliz, porque não sabia como era ser feliz...
    Talvez ela não tenha conhecido um "homem de verdade" ou, talvez, esses homens nem existissem para alguém como ela. Ou ainda, talvez o que ela tenha julgado 'homem de verdade' tenham sido os que transam "sozinhos a dois". É.. ela errou, mas porque, antes, erraram com ela. É triste quando você procura amor e só te oferecem prazer... mas deve ser mais triste ainda quando, apesar de não obter nem o prazer, você acaba amando (patetica e falsamente).
    Que idiota que eu sou.. fiquei com pena ser um ser fictício rsrs
    Legal teu blog. Imagino as leituras que teríamos se você não tivesse apagado tantos textos..
    Abraços.

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